Cristalina mira leilões municipais
Reportagem do jornal Valor Econômico destaca o foco da Cristalina na construção de parcerias para viabilizar projetos de saneamento nos municípios. A jornalista Thais Hirata conversou com o presidente Yves Besse e com o vice-presidente Paulo Uebel, e menciona a estruturação de ações em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Acesse aqui!
Confira a matéria na íntegra:
A Cristalina Saneamento, empresa fundada por Paulo Uebel após sua saída da equipe de Paulo Guedes, se prepara para participar de leilões municipais de água e esgoto no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
A empresa ainda está no papel, não tem nenhum contrato e, na prática, ainda depende de parcerias para participar das licitações. Porém, os executivos afirmam que já estão se estruturando para concorrer nos leilões de Erechim (RS) e de Porto Alegre (RS). Outro foco serão as licitações para a elaboração de estudos, no modelo de Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI). Um processo em estudo pelo grupo é o da prefeitura de Brusque (SC).
“O mercado de concessões municipais tem um potencial gigantesco, muito maior que o das empresas estaduais. Temos mapeados 64 projetos em curso, muitos anteriores ao novo marco legal do saneamento. Com a nova lei, certamente esse número vai mais do que dobrar nos próximos anos. São muitas oportunidades para novos entrantes”, afirma Uebel, que atuou como secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital no governo de Jair Bolsonaro, e hoje é vice-presidente da empresa.
Para fundar a companhia, ele se uniu a Yves Besse, executivo que já passou por Veolia, Suez e CAB Ambiental e já foi presidente da Abcon (Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto). A outra fundadora é Daniela Pinho, que foi diretora financeira da CAB Ambiental.
Apesar de partir do zero, a empresa vê como principal trunfo o histórico de seus fundados, afirma Besse, que é presidente da companhia. “Uma empresa, quando começa, vai enfrentar grandes desafios para buscar seu espaço. Temos conseguido conversar com fundos, atrair pessoas, pela legitimidade e pela bagagem dos nossos acionistas.”
Uma das grandes barreiras é a exigência de atestações técnicas para disputar licitações, o que a Cristalina não tem. A solução será formar consórcios com outras empresas. “Já temos parcerias sendo estabelecidas, que serão locais. Não vemos grande dificuldade para firmar esses acordos”, diz o presidente.
Além de busca por parceiros operacionais e financeiros, a Cristalina estuda participar de leilões por meio de fundos, com recursos levantados para projetos específicos, explica Uebel. Hoje, porém, essa opção não está na mesa devido ao ambiente negativo para captações, diz.
A necessidade de buscar alternativas de financiamento no mercado de capitais deverá ser ainda maior no caso de projetos municipais, já que a nova lei do saneamento determinou que a prioridade de destinação de recursos públicos federais – incluindo Caixa e BNDES – serão as concessões regionais. Ou seja, prefeituras que desejem fazer leilões isoladamente não deverão contar com financiamento dos bancos públicos federais.
“Com uma boa modelagem, até pequenos municípios podem ser viáveis. Mesmo sem Caixa e BNDES, há muitos recursos privados disponíveis para bons projetos. O conceito do novo marco legal de estimular a regionalização é válido, mas não inviabiliza as concessões menores. Os modelos podem coexistir”, afirma Uebel.
Fonte: Jornal Valor Econômico, 14/02/2022.